– Inesquecível! – essa foi a palavra que escutei de uma amiga quando perguntei como havia sido sua viagem à Tanzânia. Depois, só bastou eu olhar uma das fotos tiradas por ela (em uma piscina com vista incrível para a savana) para decidir que meu próximo embarque seria para lá. Um pequeno detalhe: minha amiga havia ido em lua de mel, eu iria sozinha.
Como há algum tempo estava planejando uma viagem com outra amiga, sugeri o destino e ela topou na hora. E pronto: em menos de uma semana tínhamos fechado o roteiro!
A tal da piscina com vista para a savana fica no Four Seasons Safari Lodge Serengeti e, por isso, não tivemos dúvidas de onde seria a hospedagem. Comecei a pesquisar e encontrei inúmeros relatos de que o safári no Serengeti era o melhor do mundo, principalmente pela variedade e quantidade de animais que é possível encontrar por lá!
Serengeti e a Grande Migração
O Serengeti é uma área de 30 mil quilômetros quadrados, localizada no norte da Tanzânia e que se estende até o sudoeste do Quênia. Lar de cerca de 70 espécies de grandes mamíferos e 500 espécies de aves, é lá que ocorre um dos maiores espetáculos da natureza: a grande migração.
Quando as chuvas cessam no Serengeti, os gnus (wildebeests) – e com eles as zebras, gazelas, entre vários outros animais – se movimentam em busca de água e comida. São cerca de 1,7 milhões de gnus e centenas de milhares de zebras e gazelas que saem do sul da região no início do ano e começam a migrar para oeste e norte em busca de pastagens mais fartas. Esse fenômeno cíclico ocorre anualmente e, por conta da relação com as condições climáticas, pode alterar de um ano para o outro.
Localizado ao centro do Parque Nacional do Serengeti, o Four Seasons se encontra numa localização privilegiada, que te permite observar esse espetáculo que ocorre ao longo do ano. Com vistas incríveis para as planícies e totalmente integrado à savana, o hotel tem guias fantásticos que, de acordo com a época de sua estadia, podem levá-lo à procura da Grande Migração, proporcionando experiências inesquecíveis.
Nossa chegada ao Serengeti
Chegamos no Serengeti via Arusha, onde fizemos uma conexão rapidinha após um trecho desde Zanzibar. A escolha em sair de Zanzibar foi estratégica, por conta do vôos. Contando a conexão, levamos cerca de 3 horas.
Pousamos no “aeroporto” de Seronera, que é na realidade uma pista de pouso (Seronera Airstrip). O Serengeti possui várias pistas de pouso, que servem áreas diferentes. Portanto, você pode voar direto para a pista mais próxima à sua hospedagem.
Já havíamos agendado o transfer com a equipe do Four Seasons e, assim que desembarcamos, nosso guia Zack já nos esperava, com champagne e uma mesa com vários snacks para beliscarmos antes de seguirmos para o hotel. Zack nos informou que a viagem duraria cerca de 50 minutos e que possivelmente tínhamos iniciado com sorte, já que ele havia encontrado uma família de leões alimentando seus filhotes no trajeto de ida ao aeroporto. Segundo ele, os animais provavelmente ficariam mais algumas horas por ali, e deveríamos encontrá-los no nosso caminho.
O percurso até o hotel já é um verdadeiro safári! Conforme esperado pelo nosso guia, encontramos a tal família de leões, mas não só ela: encontramos tantos outros, que cheguei a perder a conta! Vimos centenas de outros animais, zebras, gnus, babuínos. Enquanto seguíamos viagem, admiradas com a paisagem e a vida selvagem, o guia nos contava várias histórias e curiosidades sobre os animais.
Nosso trajeto, que era pra durar cerca de 50 minutos, acabou durando quase duas horas, por conta das inúmeras paradas que o guia gentilmente fez para que pudéssemos observar e fotografar os inúmeros animais que vimos. Gostamos tanto do Zack, que perguntamos se ele poderia ser o nosso guia no game drive que estava agendado para o dia seguinte com o próprio hotel. Ele se mostrou feliz com o convite e garantiu que sim, desde que fizéssemos a solicitação ao hotel. Ao chegarmos na recepção, onde funcionários e membros da tribo Maasai já nos esperavam para nos dar boas-vindas, aproveitei para tirar uma última dúvida com Zack: questionei se o veículo do safári possuía um sistema de som no qual pudéssemos conectar nosso iPhone e ouvir a nossa playlist durante o game drive. Ele nos informou que os carros não possuíam nada do gênero, principalmente para não assustar os animais, mas sorriu e falou que podíamos confiar nele. Ok, estava definido o nosso guia.
O Lodge
Ao chegarmos ao Four Seasons Safari Lodge Serengeti, já percebemos que tínhamos feito a melhor escolha. Num local como este, a acomodação é determinante, pois (ao contrário da maioria dos destinos) você vai depender de toda a estrutura do hotel: restaurantes, área de lazer, carro e guias para o safári etc.. Você não vai sair pra almoçar fora nem para passear pela cidade ou conhecer pontos turísticos. Ou seja, a sua programação será totalmente baseada na sua opção de hospedagem e, portanto, a sua experiência dependerá totalmente dessa decisão.
O Four Seasons Serengeti é incrível. Cada detalhe parece ser minuciosamente calculado para tornar a sua hospedagem única. O hotel mistura uma proposta rústica e ao mesmo tempo sofisticada, com o padrão (excepcional) de atendimento Four Seasons. Nossa hospedagem incluía todas as refeições (dependendo o restaurante, pode ser necessária a reserva), bebidas, cervejas locais e vinhos da casa – contemplava vários rótulos da África do Sul.
Nossa suíte tinha varanda e uma vista fantástica para a savana, a piscina do hotel e a fonte de água, que fica logo atrás. Como não há cercas, podíamos ver vários animais que apareciam por ali ao longo do dia. Os funcionários do hotel até nos orientaram a trancar (não apenas encostar) a porta da varanda, já que algum babuíno poderia invadir nosso quarto. Numa tarde acabamos esquecendo a porta 100% aberta, porém, por sorte, nada aconteceu!
Quando pesquisamos sobre o hotel, vimos nas fotos da piscina, que VÁRIOS animais se aproximavam do lago em busca de água. Confesso que desejei muito uma foto na piscina com elefantes ou zebras atrás. Porém, essa foi a única surpresa negativa da viagem: descobrimos que tal situação ocorre principalmente na época seca (de maio a outubro), quando a região se transforma em um semideserto e as fontes de água são mais escassas, fazendo com que os animais busquem a fonte do hotel. Como fomos em março e havia chovido no dia anterior, pudemos observar muitos pássaros, gazelas e outros pequenos animais (o que já era extraordinário), mas nada de zebras ou elefantes. É, vou ter que voltar para conseguir tirar a foto.
O safári
Fechamos o safári com o próprio Four Seasons. Ao reservar o hotel, você já poderá programar as atividades, como game drives, passeios de balão, entre outros. Verifique as opções de pacotes disponíveis – alguns já incluem um ou dois game drives diários. O “game drive” é um safári feito em um veículo 4×4, que percorre as savanas em busca de animais. No Serengeti, por segurança, os jipes são fechados na parte superior. O ranger dirige o carro, e vai te contando diversas histórias e curiosidades sobre os animais, seus hábitos e a vida local. Você pode optar por fazer um “full-day game-drive” (o dia inteiro – o almoço ocorre durante o safári) ou dois half-days (um pela manhã e outro à tarde).
A facilidade para encontrar os animais é absurda! Vimos uma grande variedade de espécies, algumas delas em uma quantidade que nunca imaginei ver na minha vida, parecia filme: a savana praticamente pintada por preto e branco, pelas centenas de zebras que percorriam o local. Gnus, hipopótamos, babuínos, girafas… Os leões, como já citei, foram tantos que eu parei de contar ainda antes de o real safári começar – no caminho do aeroporto para o hotel. Sensacional!
Se é que podia melhorar, Zack estava certo quando falou que podíamos confiar nele: quando nos buscou na primeira manhã no hotel, ele nos mostrou uma caixinha de som (potente, por sinal), falando que assim poderíamos ouvir nossa playlist como gostaríamos. Essa foi apenas uma pequena parcela das várias gentilezas feitas pelo guia. Sem nenhuma dúvida, ele tornou a nossa experiência muito mais especial. Além de nos ajudar a encontrar a maior quantidade de animais possíveis, as mais incríveis vistas e contar as mais curiosas histórias durante o safari, ele foi uma das pessoas mais alegres que encontramos na nossa viagem à África. Zack nos disse amar os brasileiros e revelou que um de seus sonhos é conhecer o nosso país. Além disso, ele sabia de cor várias músicas nacionais, principalmente de Michel Teló e Gustavo Lima. E, como um bom fã do Brasil, fez diversos Shazams da nossa playlist! Para quem ficou preocupado com a música, Zack teve bastante cautela, e silenciava o som principalmente ao nos aproximarmos dos animais.